18 de agosto de 2010

Letras da Moenda 4

Buenas gauchada, depois de ver meu COLORADO ser CAMPEÃO da América, posto aqui pra vocês as três letras das primeiras músicas que estarão no palco da 24º Moenda na noite de sábado. Jaime Vaz Brasil, Léo Nogueira e Carlos Omar Vilella Gomes assinam as poesias das composições. Na foto ao lado, minha amiga Jú Spanevello que irá interpretar "De Arrepiar a Alma".

GEOGRAFIA DA INSÔNIA
Gênero/Ritmo básico: Canção
Letra: Jaime Vaz Brasil (Porto Alegre – RS)
Música: Adriano Sperandir e Cristian Sperandir (Osório – RS)
Intérprete: Adriana Sperandir

No colo da minha insônia
vejo a fome a andar nas sotas
das gordas que, de Botero,
não vão aos pratos de Angola.

Sinto guerras, maremotos
e espadas de Andaluzia.
Uma Odisseia, um naufrágio
e tudo o que eu não queria.

No colo da minha insônia
— voluntário e delirante —
há um Leonardo gritando
ao futuro e seus distantes.

A morte nas mãos de Goya:
um grito preso. (E liberto).
Theo, no amarelo das cartas,
girassola um sol incerto.

Vai meu sono, vai,
e canta o que não cantei.
Vai meu sono, vai...
pra onde mais não sei.

No colo da minha insônia
sou gigante e sou pequeno.
(Entre Amadeus e Salieri,
me liberto e me condeno).

No céu, Ghandi a fazer roupa
reparte a paz que alucina
com o homem que — sem armas —
parou um tanque na China.

No colo da minha insônia
desmaio, cansado e mudo.
(E o sono faz, sem alarme,
o desarme dos escudos).

A noite arma o cenário:
sou cavaleiro e cavalo.
Beijo as Valquírias de Wagner.
Fecho os olhos. E me calo.
Vai meu sono, vai (...)

SATÉLITE
Gênero/Ritmo básico: MPB
Letra: José Leonardo Ribeiro Nogueira (Léo Nogueira) (São Paulo – SP)
Música: Fernando Cavallieri (Santo André – SP)
Intérprete: Fernando Cavallieri

Eu tempero as palavras que digo
Pra caberem no teu paladar
As canções que nasceram comigo
Eu perfumo pra te embriagar

Meu amor mora em tudo que faço
Meu olhar te enxerga sem ver
Sou satélite solto no espaço
Gravitando ao redor de você

Mas em tudo que faço eu falho
No desejo de te alcançar
Eu desbravo a floresta do atalho
Que é o caminho mais longo que há
Mas em tudo que faço eu falho
No desejo de te alcançar
Eu desbravo a floresta do atalho
Que é o caminho mais longo que há

Se ao menos você me odiasse
Ou tivesse por mim compaixão
Pros teus olhos eu não tenho face
Sou um verme na escuridão
Sou Quasímodo sem Esmeralda
Sou Quixote sem livros pra ler
Agarrando o vazio pela cauda
Nem sofrendo eu te causo prazer

Mas em tudo...

DE ARREPIAR A ALMA
Gênero/Ritmo básico: Chacarera Estilizada
Letra: Paulo Righi e Carlos Omar Villela Gomes (Santa Maria – RS)
Música: Piero Ereno (Jaguari – RS)
Intérprete: Juliana Spanevello (foto)

Um riso estranho (de arrepiar a alma!)
afoga o silêncio na noite estrelada;
E até a lua que fazia sala
se escondeu com medo dessa gargalhada.

Esses rumores que chegam do nada,
vêm encher de sombras o campo vazio;
Riso com jeito de alma penada,
assustando os homens com seu assovio.

Tem um fantasma recorrendo a noite,
a espalhar espantos do que não se viu;
As suas sombras têm jeito de açoite,
castigando o mato, rebelando o rio!

Um quero-quero se põe em alerta,
a fazer dueto com seu assovio;
É o vento forte que virou fantasma
congelando os ossos de quem não tem frio!

Há um fantasma pela madrugada
a mostrar suas garras pra quem não quer ver;
Olhos pequenos cuidam as janelas
sem baixar a guarda até o amanhecer.

O vento segue com suas correntes,
arranhando as tábuas e o santa-fé;
Quem sente medo não acha consolo
e não prega o olho, de orelha em pé!!

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