17 de agosto de 2010

Letras da Moenda 3


Bueno gauchada..encerro a noite de sexta com essas três letras. Jaime Vaz Brasil (A Palavra Terra)Zé Edu Camargo (Flor do Lácio) e Chico Saga e Mário Tressoldi (Violas do Sul do Brasil).

A PALAVRA TERRA
Gênero/Ritmo básico: Canção
Letra: Jaime Vaz Brasil (Porto Alegre – RS)
Música: Adriano Sperandir e Cristian Sperandir (Osório – RS)
Intérprete: Adriana Sperandir (foto)

Na palavra terra
cabe o mundo e mais um tanto:
o vento na árvore, o abano ao céu que sabe a folha
enquanto a raiz chão adentro se crava.
Nela, vai o sigilo da lavra pedindo a cada semente
que tente voltar ao sol, longe do sono dos silos.
Silêncio é preciso ao falar
em liso destino em chão de milagre:
num simples grão, cabe a vida.

Vai um mundo vai
vai um mundo
vai um mundo vai
e mais um tanto.

Na palavra terra
cabem as aves e os peixes.
Secas e cheias maldizemos, ingratos: a natureza não sabe
de alguém que leia e entenda seus atos.
Na palavra terra
cabe o inseto e o homem.
O que nela prossegue ou some
vai nos calos, nas veias, vai no sangue
no concreto, no que venta...
No que é vivo e no que tenta.
Na palavra terra, na lavra do espanto
de um grão que encerra a vida.

Vai um mundo vai
vai um mundo
vai um mundo vai
e mais um tanto.

Nela, cabe a lavra
que pede cada manhã.
O sol nas espigas acorda em ouro e amanhece nos galos
que tecem as teias claras do dia....

Vai um mundo vai
vai um mundo
vai um mundo vai
e mais um tanto.



FLOR DO LÁCIO
Gênero/Ritmo básico: MPB
Letra: José Eduardo Camargo (Zé Edu Camargo) (São Paulo – SP)
Música: Fernando Cavallieri (Santo André – SP)
Intérprete: Fernando Cavallieri

Podia ser dinamarquês.
Podia ser russo ou inglês.
Tupi-guarani, não importa.
Num sinal qualquer com as mãos,
Qualquer uma língua morta.

Podia ser num hieróglifo,
Em grego, latim ou egípcio
Ou num grito gutural.
Num tratado em alemão,
Num dialeto do Nepal.

Podia ser criptografia, mandarim,
Telepatia, Morse...
Ou num cartão postal,
Em francês do Senegal.

Podia ser Yorubá, Esperanto, um blá-blá-blá,
Banto, Keto, catalão,
Num mural em aramaico,
Ideogramas pelo chão.

Podia ser gíria do gueto,
Num afresco, um arabesco...
Numa bolha de sabão,
Projeção de holografia
Na parede da ilusão.

Mas você mirou no alvo do ouvido
e fez a vida ter sentido
quando disse “Eu te amo!”
...em português.



VIOLAS DO SUL DO BRASIL
Gênero/Ritmo básico: Toada
Letra e música: Mario Tressoldi e Chico Saga (Tramandaí – RS)
Intérprete: Grupo Chão de Areia

O tropeiro trouxe a viola
Pra tocar no sul do Brasil
E matar a saudade da sua morada,
Foi assim que Rio Grande ao sertão se uniu.

Do pó da estrada... ao radio de pilha...
Que tocava moda, toada e canção,
A viola caipira por onde passava,
Trazia alegria pra quem lhe escutava
E assim encantava qualquer coração.

A viola veio pra esta terra
E o seu coração se encantou,
Animou tantos bailes e festas do povo,
Foi lamento de um moço que se enamorou.

Andou na estrada com a fé do Divino,
Tocando catira pro povo dançar,
No Terno de Reis visitou tanta casa,
A magia cabocla então ganhou asas
E no nosso sertão conquistou seu lugar!!!

A viola também é do sul,
Na cultura migrante ancestral,
O gaúcho é rincão e sertão,
Nos recantos do meu litoral...

Por aqui plantou a semente,
Fez o nosso povo cantar
Tantas modas bonitas de amor pela terra,
Espalhou alegria por todo lugar.

Um som brasileiro que encurta distâncias
Paixão sertaneja que canta e sorri,
Foi o sol da manhã que acordou passarinho,
O Rio Grande até hoje não canta sozinho,
Depois que a viola chegou por aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário